terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

___________________________________



sinto o corpo lânguido,
lento e quente.
o fígado, de muitas "birras"
estrangeiras,
imagino esparregado.
mas ó rapariga,
comes tanto! bebes tanto!

___________________________________



ontem sonhei acordada.
no banco de trás do carro
fecho os olhos
pousando a cabeça no teu ombro:
lembro-me que não estou só.
tenho medo que me consoles.
medo que o cheiro do teu corpo seja a coisa simples.


______________________________________

ma ligne de chance


posto na mesa,
na rua,
no bolso,
no taxi e no quarto,
o abraço pegajoso:
húmido de tanta lealdade.
um exagero!
de amor compomos o toque.
de amor não nos conseguimos abandonar.
não podemos abandonar-nos!
(e tu nunca me deixas ao frio)


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

danças
quando
cantas
quando
pisas
quando
sentes
quando
viras
quando
gritas
quando
choras
quando 
pensas
quando
saltas
quando 
assaltas
quando
ris
quando
beijas
quando
tocas
quando
fodes
quando
amas
quando
foges.

__________________________________________________

o estado das coisas

o cume do nosso encontro é uma vaga de calor no jardim mais próximo.
a noite do nosso amor é: linguados na rua
e um taxi nos subúrbios.
de noite a tua voz sabe a fumo, fico zonza,
suaviza os nervos.
o fim da vida junta é uma sala desarrumada
e o teu roupão a espreitar da porta.
ainda o fim da vida junta é uma torrada
pingada de lágrimas, sozinha, mal comida.
à luz do nosso amor eu respondo:
fiquei morna e fica-me mal.

__________________________________________________

dos olhos de raposa

és ruiva, és castanha,
és beige.
olhas-me raposa
e eu imóvel.
e os pulmões doem,
sou brusca,
sou bruta, ponho-os a inspirar.
faço-os respirar
para não enfraquecer aos teus olhos,
(para não deixares de me olhar),
raposa.
raposa:
se aos teus olhos
adormeço,
desfaleço,
fico transparente
e desapareço!

_______________________________________________



remate de mão fina.
o não não serve,
quero fungar com razão
(chorar sem vazão)
mas só no fim.



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

_________________________________________________________



a rapariga
usa calças roxas,
camisa de ganga.
argolas grandes douradas,
orelhas em pandã com os cabelos de
caracóis assimétricos.
a rapariga
olha um tipo,
um seu igual,
calças de ganga,
"Ei! um cigarro?", ela pergunta,
já é o décimo a quem ela pergunta,
"já és o décimo a quem eu pergunto..."
mas o tipo de ganga vai de headphones.
ela tenta:" Ei!", "Ei! Tu!",
mas ele está sozinho
(ela ainda mais).
a rapariga tem azar.
inspira o ar,
restos de cigarro
e escapes de carro,
em pé na paragem,
(está quase a viagem)
aborda a madame ao seu lado,
sabe quanto tempo falta para o mundo finalmente acabar?
e a madame:
filha o autocarro deve estar mesmo aí a passar.


como ser dread

está a chover.
vou a correr e caio,
rompo as calças
e à chuva fico na moda.
estou no chão
à chuva
e estou na moda.
fico na moda,
à chuva, os joelhos rotos.
a cara colada à calçada molhada.


___________________________________________________________



a tortura
do corpo hormonal.
o bicho mensal
arranca-me a maciez.




_____________________________________________________________________________

esquiços.
vultos dos alunos
de estudos europeus.
olho a professora e vejo
humidade,
como acabada de sair do banho,
a tontura da água quente.

anjo (de ti)

o garfo de osso
o mato é grosso
o sonho, um poço
não quero, mas ouço.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

daisy a tua mãe.