terça-feira, 9 de dezembro de 2014

dois poemas para as seis e cinquenta

às seis e cinquenta
as torradas engasgadas
na boca
dormente do sono.

às seis e cinquenta
despir o pijama
e preparar o lanche.

às seis e cinquenta,
o alarme:
hoje há escola.

às seis e cinquenta
o quarto às escuras,
eu não quero,
eu não quero,

às seis e cinquenta
não me decido
e não me destapo.



//


às seis e cinquenta,
o fim da madrugada,
às seis e cinquenta,
a casa às escuras,
são seis e cinquenta
e um senhor canta,
e o frio no corpo,
às seis da manhã
sou marioneta,
beicinho e tremor,
são seis e cinquenta
e os movimentos forçados
são pouco amáveis.
seis da manhã
e saio da cama,
o tempo recua,
volto a perder-me.

______________________________________________________________

À noite,
o sono leve:
realidade paira,
miragem
de um futuro-espelho.


sábado, 6 de dezembro de 2014

______________________________________________________________

os vinte anos (ii)

o dia dos anos
lembra-me toda a vez
os mesmos pensamentos
mórbidos:
a comida que já comi
desde que nasci,
os metros de cabelo,
as unhas roídas
e ingeridas.
valor acrescentado
em cada dezembro que passa.
no dia dos anos
consolo-me com duchesse
e álcool
e fingo que é a primeira vez
que o faço.